sexta-feira, 18 de setembro de 2009

Embaçado

alguma coisa embaçada, alguma coisa perdida, o fim ou um começo , uma vontade pequena de mudar as coisas,ou de finalmente aceitar a vida como ela é , e não mexer mais na linha do destino, e se saber perdido no meio de um mundo de convicções que não me interessam e não têm importância. não sei mais de que lado dessa janela eu estou , mas tem um vento frio batendo nas costas, uma luz sem graça me ofuscando a vista, uma música chata tocando ao longe, um remédio amargo que eu tenho que tomar.

quarta-feira, 9 de setembro de 2009

Não sei como fazer isso

Escrever em Blog . Botei alguns textos que já havia escrito antes,mas não sei manejar essa coisa. Acho bacana a idéia de ser editor pessoal e único de uma midia que sou só eu. Parece coisa de criança com 6 anos " é tudo meu " . Mas é um exercicio que quero fazer . Aceito dicas . Abraços a quem ler.

segunda-feira, 10 de agosto de 2009

Pra me conhecer melhor

Não sei se era bem assim, mas é do jeito que eu me lembro

No passado só haviam os índios . Eram as tribos Guainumbis, Uapés, Uapichanas, Mirunas, Aratãs, Guaicanãs e Irai que eu nem sei se era tribo ou nome de rio.

Devia ser rio porque as coisas giravam em torno dela.

Era tudo terra e quando chovia dois pequenos riachos se formavam nas laterais.

Por causa da terra e do mato havia alem de pés de goiaba e de mamona, muitos campinhos de futebol onde times de moleques jogavam de manhã à noite. No meio da molecada havia um craque chamado Cisca, diziam que as pernas tortas à la Garrincha e que davam o diferencial.

-Esse vai ser jogador! Não foi. Virou médico, como todos nós viramos alguma coisa, mas mantivemos um pouco daquele espírito de bairro, de turminha.

A turminha por sinal se reunia na padaria. A tarde rachava um tijolo, de sorvete, milimétricamente para ninguém ter vantagem. À noite se definia em que festa iríamos nós.

Algumas “de bico” como uma famosa: do Júlio Bico, que foi a uma festa e não nos avisou. Descobrimos. E o berro do Mané na porta da casa selou o apelido desse Julio para sempre: Julio Bicooo!!!

Esse não é o nosso Julio, o Julio Cruz nervoso jogador de war e de pôquer, nosso neurocirurgião a caminho do Nobel, que infelizmente nos deixou, mas o nosso Nobel é seu, Júlio.

Mas havia festinhas que não íamos de bico. Eram as festas dos grandes festeiros do bairro: a Carmem do Waldir, a casa do Delloso, as festas em volta da piscina do Marcello, e outras inesquecíveis, que infelizmente agora, esqueci.

Nessas festas alem de aprender a beber uísque, mal da nossa geração, aprendíamos a namorar. Alguns aprenderam tão bem, ou não, que se casaram com nossas amigas.

A trilha sonora dessa época eram os Beatles. Mas dançávamos mesmo quando as músicas italianas dos Endrigos, dos Morandi e das Pavones começavam a tocar. Sappore di Salle era o hino para tirar uma garota pra dançar, ou La mer e Aqueles Ojos Verdes com o Ray Connif. Acho que por nossa causa que ele acabou vindo tanto ao Brasil depois.

O mais importante: a maioria desses discos estava nas caixinhas de madeira do Mário. Será que ele ainda tem? Junto com aquela coleção de compactos para o lançamento da Pepsi-cola no Brasil.Ele deve ter, mas não me empresta.

No fim de noite atravessávamos a pé a favela, e os campinhos de futebol que ficavam ao lado do córrego da Traição, ali onde hoje é a Bandeirantes, e íamos tomar café no aeroporto. Os meninos da favela e nós tínhamos muito mais em comum do que jogar bola. Apenas o acabamento das nossas casas nos diferenciava. Espero que suas casas e suas oportunidades de vida sejam agora iguais as nossas.

O Aeroporto de Congonhas ! Havia até a AFA Associação dos Freqüentadores do Aeroporto. Tomávamos café , líamos os gibis na livraria La Selva , com o dono batendo na mesa de vez em quando gritando: “Vamos Ler “, para espantar garotos como nós que só liam e nunca tinham dinheiro para comprar uma revista.

Não havia prédios do lado do aeroporto e o som dos aviões se espalhava pelo bairro. Quando desceu o Caravelle , o primeiro avião com turbinas o barulho foi tão ensurdecedor que todo bairro saiu de casa para vê-lo. Das casas dava pra ver a pista do aeroporto.

Tinha também o hambúrguer do Chico Hambúrguer na avenida Ibirapuera onde passava o bonde. Meninos eu vi! e andei de bonde e. Ali era Moema, ou melhor, pra mim Moema começava quando as ruas de Indianópolis mudavam de nome de índio para nome de flor . E a divisão era exatamente a linha do bonde.

Mas quem morou mesmo em Indianópolis tem que ter estudado no Colégio Professor Alberto Levy. Escola pública daqueles bons tempos em que se aprendia e se ensinava com garra e que a escola era nossa, não deixávamos ninguém apedrejar.

Maria Alice, Maria Teresa, Ana Maria , Marlene,Mara, Denise, e Eliana era assim que as meninas se chamavam, e a gente namorava passeando de mãos dadas no quarteirão atrás do Levy.- educação formal e sentimental - essa escola nos dava tudo.

Havia também a TV Record, ficava na Moreira Guimarães, onde hoje é a Rubem Berta. A Record foi uma das pioneiras, hoje é a mais antiga TV Brasileira. Naquela época, década de cinqüenta, os programas eram ao vivo, e a gente ia assistir sempre ao Circo do Arrelia e a Ginkana Kibon aos domingos,ou comer bolo e tomar milk shake de chocolate no programa Pulmann Jr, um programa de desenhos que passava toda tarde.Tinha também o Capitão Sete, a Turma do Sete.

Nosso herói era o Capitão SETE que saia até nos gibis, morava em um sobradinho ao lado da TV. No chão da garagem os ladrilhos vermelhos desenhavam o escudo do Capitão 7. E quando ele aparecia na janela, não precisava insistir muito para ele pular de lá até o chão. Esse foi meu primeiro super-herói.

Atrás da TV ficavam as Rádios Panamericana (Jovem Pan) e Record e no boteco do lado a gente encontrava sempre com um sujeito engraçado que cantava suas músicas enquanto tomava a cervejinha. Era o Adoniran, ele mesmo o Adoniran Barbosa de Saudosa Maloca, Trem das Onze e um monte de outras músicas que eu, e quase todo brasileiro assobia ou canta de vez em quando. A gente da calçada ficava vendo o Adoniran, era um show só para as pessoas do bairro.

Nessa época ainda havia cinema de bairro. Não era Plex nem Max, eram Joá e Jurucê , bonito não é ? Meu pai me levava sempre às 6 da tarde no sábado. Passavam dois filmes: um estrangeiro e um nacional.E o principal era o brasileiro. Ou com Oscarito e Grande Otelo, ou Zé Trindade, Pagano Sobrinho, Derci , Eliana,Anselmo Duarte, as vezes , me parece que só eu me lembro desses nossos ídolos.

Ah, não falei ainda da Cruz Vermelha, dois imensos quarteirões cercados por um muro alto, com os hospitais, mas também com muitas árvores frutífera.

Os muros eram um desafio que vencíamos sem medo quando um balão de São João cismava de cair por ali. Lá dentro sempre tinha um guarda pra correr atrás de nós. E nós sabíamos onde ficava exatamente cada árvore que teríamos que subir para pular de volta pra rua, e se tivesse sorte com o balão na mão.

Bons tempos...Que para os nossos filhos parecem tão antigos que não dá nem para imaginar. Falando em filhos, os meus se estivessem aqui, já estariam dizendo:

-Chega pai! Ninguém agüenta mais essas velhas histórias que você já contou duzentas vezes.

Então é melhor parar aqui. Com uma ameaça: eu ainda continuo!

3/03/2006

De 1955 a 1975 vivi em Indianópolis ou Planalto Paulista , na avenida Irai quase esquina com a Alameda Uapichana. Minha casa ainda está lá.Dema é meu apelido desde criança.

Moro agora há mais de vinte anos em Pinheiros, mas não tenho muita história para contar

do meu novo bairro.. Sou professor e radialista. Tenho 3 filhos .

esse texto está no site da prefeitura sobre a história dos bairros

segunda-feira, 27 de julho de 2009

Mulher Compatível




Te amo... mas acho que devíamos repensar.



Depois de 10 anos de casado tive o contrato rescindido sem justa causa.Só tenho agora uns talheres, frigobar, e camona de casal. Mas como preenchê-la?


Estava fora de mercado, por fora.


Bar de solteiros? Supermercado??? Internet?


(RESERVADO) Brad Pitt , alto , louro, e rico.E você Lady Di ?


Internet não deu certo, para o


moreno, meia-idade, meio-falido.


Anuncio: Homem 41 , procura mulher compatível .


Quarta à noite, restaurante discreto, vinho tinto chileno, risoto de funghi e mulher compatível na minha frente. Bonita, advogada, assustadoramente a vontade.


Eu, tímido , falando de eclipse lunar . Modo meio torto de ser romântico e conquistar a moça. Pego ou não na mão?Algo estava começando ali. Meia-noite.


-Sobremesa ?


-Vou ser sincera . Sou executiva, sem tempo, trabalho muito, acordo cedo...


Eu ouvia atento, imaginando, ela já quer repensar...


...Em vez da sobremesa vamos a um Motel ? Posso até as duas. Está bom para você ?


Já ? Sem beijo, carinho, sem clima ?


Surpreso, meio sem graça só consegui responder :


Olha nunca vou para cama no primeiro encontro.

Sobre o texto acima

Não gostava de escrever. Mas de ler. Fui trabalhar em TV porque era um modo de me expressar por imagens ou através de um ator ou apresentador.

Mas comecei a dar aula, primeiro na USP e depois na UNIP, porque percebi que gostava de transmitir o que eu sabia e de contar histórias . Pessoais e profissionais. E esses dois lados sempre se confundiram na minha vida. Não sei e não gosto de separar o profissional do pessoal.

Mas para dar aula, que é "falada" , aprendi que é necessário escrever antes. Fazer uma espécie de roteiro daquilo que voce vai apresentar ao seu público, tambem conhecido como "alunos".E para cada turma um novo roteiro.A disciplina pode não mudar mas os alunos mudam.

Bom , resumindo , comecei a gostar de escrever , e sempre imaginando que do outro lado estaria o telespectador . E para que essa comunicação funcionasse bem percebi que ao lado da informação fria teria que acrescentar tambem a emoção quente da própria vida.


Numa aula voce não ensina. As pessoas , alunos e professores é que aprendem.

E eu tenho aprendido muito ,dentro e fora da escola.

Aprendi que o relacionamento entre homem e mulher mudou. Que alguns comportamentos ligados a sexo, virgindade, e conquista, que eu vivi , soam para meus filhos e alunos como histórias da idade média.

Alem da globalização, internet, e comida a kilo, o relacionamento entre macho e femea

mudou muito, e talvez ,nós, os homens, é que estamos demorando mais para absorver.

Escrevi aquela história "Mulher Compatível " para Folha, sem muita pretensão, juntando coisas que ouvi, vivi e inventei. Acho que gostaram porque a história está antenada com o que está acontecendo hoje em dia, com todos nós que somos mais ou menos desta geração.

segunda-feira, 20 de julho de 2009

Conversa de Boteco - Separação

Separação

- Separei da Magali

- Até que enfim..

- Como até que enfim?

- Faz meses que você fala nisso

- Mas agora foi definitivo

- Comum acordo, não vão se encontrar nunca mais ..

- E mais , to combinando o que eu vou pegar na casa dela

- Como ?

- As coisas que você vai deixando no caminho, cds, livros

"aquele livro do Neruda que você me tomou e nunca leu.." ah e um armário azul que eu dei de presente de 2 anos de namoro.

-Pô, isso não, é baixaria, pegar de volta um móvel..

-Você não sabe quanto custou aquilo..

- Não importa , deu tá dado, ce não vai entrar com um caminhão pra levar aquele armário..

- É..ce tem razão...

- O que não pode deixar é por exemplo uma calcinha...

- Ué , por que não posso deixar uma calcinha que eu dei de presente ...?

- Por que pode ser que com esta calcinha ela vá levar outro cara pra cama no seu lugar.Vai usar um objeto seu como sedução...

- Não tinha pensado por esse ângulo...

- É..., tem que pensar em tudo

- Mas com isso eu não preciso me preocupar, eu nunca dei calcinha a ela ..

- E aquela vermelha de seda cheia de lacinhos ?

- Ah é mesmo , eu dei essa faz tempo.... pô !...mas como você sabe dessa calcinha, eu nunca falei nada ...

-Bem...ce.... deve ter falado no dia , sei lá .... Garçon, Garçon traz mais uma cerveja, e rápido .

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este texto é do site http://www.tulipio.com.br/ onde escrevo quando bebo.

segunda-feira, 29 de junho de 2009

O FOGO

O fogo

Pensei em deixar a janela fechada.Já sei tudo o que tem lá fora. Já vivi quase todas as situações. Nada é novo , tudo é uma repetição daquilo que já vi, e soa falso.Apenas ouço os sons que vem lá de fora e vou completando com os dados da minha memória.Os sonhos estão empacotados.Sem a luz de fora me sinto no escuro e tateio em silêncio tentando reconhecer o que está em volta. Imagino uma luz que já vi um dia. Mas ela não dá mais a cor aos objetos ao meu redor.Se a janela continuar fechada por muito tempo vai ficar cada vez mais difícil abrir. Sinto falta do fogo que ilumina e que queima as coisas velhas.